Nem sempre.

O que às vezes parece um sorriso, é apenas uma estampa facial. Nem sempre eu digo o que penso, eu ajo como eu quero, ou sou o que afirmam. O disfarce é uma peça fundamental em qualquer guarda-roupa emocional, comigo tem que ser diferente? Porque? Eu sou o que você  vê, pelo menos pra você. Discursos descrevendo minhas melhores qualidades e meus defeitos mais vergonhosos não adiantam, é saliva gasta para um mundo surdo. Por mais inocente que eu seja, se você quiser que eu seja culpada, eu serei. Pra você eu serei culpada, e isso já me torna falsa em algum momento, em algum coração, por mais verdadeira que eu tente ser.

Nem todo "te amo" é amor de verdade, nem todo "adeus" apaga alguém do nosso coração, nem todo sorriso é a marca de um coração alegre. Nem toda voz quer sair, e nem sempre nós queremos ir. O que move nossos pés, muitas vezes, é a vergonha de magoar os outros combinado à recusa de nossas vontades. Não é que sejamos falsos, quem sabe para o resto do mundo sejamos. Só que eu sei que eu não sou. Às vezes, é melhor que tenhamos postura ereta, por mais que o cansaço nos enfureça e queiramos dormir no auge de nosso egoísmo. Nem tudo o que reluz é ouro, nem sempre o que entendemos é o que se deve aprender.

Em verdade vos digo, muitas vezes já atravessei os labirintos da minha vida tentando enganar-me, escondendo a verdade e a dor de quem a causava, ou de quem me acompanhava, por medo de perder, por medo de machucar. Por medo de enxergar que eu estava certa. Mas como podemos perder algo que nunca foi nosso? Mas o tempo mostrou-me que sou forte em mim, não nos outros. E o mundo está aí para isso, para machucar, envenenar, corromper e corroer. Minhas palavras subentendem minhas dores e alegrias, mas cada um entende o sentimento que quiser. Agora, só o que posso é medir meus sorrisos e minhas declarações conforme os momentos e os lugares. Deixando de falar e fazer o que pensamos para satisfazer os disfarces ou não de cada um. Em boa parte da vida, essa é a grande verdade.