quinta-feira, 29 de março de 2012

Filhos da Terra.

Folhas caídas no chão.
Inverno pra ser frio, mas agora é quente.
E aquelas folhas fervem ao tardar da manhã.
Bola de fogo escaldante no céu,
bolitas brancas, a neve.
Tudo perto do fim, perto do grande fogaréu.
Uma mão de homem que muda um curso,
para a cautela, um grande e redondo zero.
Um zero em todas as palavras sem som
daqueles que tentaram o dom
de trazer vida ao planeta desertado.
E todas as cobranças, e todos os enfados,
e todos os sussurros baixos dos empregados
só revelam a face da raça que não sabe que sabe.
Porque se soubesse, amaria.
Se soubesse, pararia.
Fácil quando se tem na mão a vida cara.
Mas se te peço pra me comprar a água rara,
será que terás pra ti e pra mim?
Caso a destruição não venha agora,
que meus filhos nasçam cheios de força,
e resistam à explosão da aurora.

terça-feira, 20 de março de 2012

Photograph.

Flashes. Eles estão cegando. Eles, os flashes no mural.
Tem uns recortes espalhados na mesa. Uma mesa dentro de mim. Bem que poderíamos nos organizarmos como uma casa - mas, que bela bobagem, nem mesmo nossa casa conseguimos organizar! Em mim não tem problema bagunçar, já é costume eu me perder dentro de mim, e sinceramente não sei se eu realmente já me encontrei. Acho que me perdi na trilha.
Tudo enjoado demais pra anunciar. Muita propaganda pra pouco conteúdo - muito esforço pra quase nada. E sabe aqueles filmes em que o popular se apaixona pela borralheira? Mentira. Tudo, tudo mentira. E eu acreditava... Esses flashes estão realmente me incomodando. Será que preferem estampas nas paredes também? Já disse e vou repetir: nem tudo o que reluz é ouro. A maioria é strass - desprende e some rapidinho. E vem em bando!
Nessa estrada ofuscada de tantas estrelas se matando para brilhar mais e melhor, vou tentando somente seguir. Porque às vezes é necessário abrir mão de alguns caprichos pra sabermos focar no óbvio. O óbvio - ele quase dói, por vezes. Quase dói mais vê-lo do que as luzes dos flashes.
E alguns passos, por vezes errados, são mais que necessários. Rotina minha querer brilhar no meio do opaco. Agora talvez seja a hora de recarregar a bateria e registrar somente o necessário, mas sem deixar o modo preto-e-branco afetar. Um pouco de luz, um pouco de câmera, um pouco de ação.

sábado, 10 de março de 2012

Algumas linhas, folha em branco.

Isso é a realidade: minha folha em branco. Um mundo em branco, e tão cheio ao mesmo tempo! Minha folha em branco. Meu mundo calmo, brando. Um buraco negro tinge a névoa das minhas páginas - saudade, de tudo o que foi, que era, que ainda é meu. Será mesmo que é meu? Ainda sinto saudade. E a minha folha? Minha folha num canto. Cansei meus movimentos, estou em pausa da festa que sempre trouxe comigo. Não me pergunte o porquê, eu não saberia te responder... Mas a minha fé de que essa folha vai se preencher continua firme.

Já me rascunhei tantas vezes... Só mais uma... Só mais cinco minutinhos! Só mais um pedacinho de mim inteiro, acho que é isso que a situação pede. Um pedaço quase inteiro, a cabeça nas nuvens, e o coração sem paradouro. E o engraçado - muito e pouco tempo pra pensar. Quando nossa vida é um paradoxo, fica difícil entender o resto. Minha folha de prantos, hoje é dia de começarmos uma nova página.