terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O observatório.

Por alguns instantes, ela se sentia plena no observatório. Seus olhos eram os melhores analistas que alguém pode imaginar. Tinha pelo observado um afeto incomum. A admiração não cessava. Por vezes se sentiu meio boba, mas não era o caso. Prescrutava com seus olhos cada ruguinha, cada curva, cada parte daquele homem, que de inédito pra ela não tinha nada. Mas ela amava se refugiar no observatório e admirá-lo de longe, entregando-se cada vez mais por inteiro ao observado.
Não se sabe se era o amor dela que fazia o observado ser tão bonito, ou se esse já o era. Ainda assim, a admiradora se encantava um pouco mais cada vez que usava o observatório. Não entendia muito bem a lógica no Não-Cansaço que o lugar tinha, mas o fato era que não se cansava. Nem ela, nem suas lentes, nem seu coração. Vivia um amor através de um vidro.