domingo, 2 de janeiro de 2011

Felicidade.

(Narrado em 1a pessoa)

Mas que coisa vocês. Vivem clamando-me, gritando-me. Trabalho feito louca, mas poucos são os honorários reconhecidos. Começo de ano lá estão vocês, implorando por um lugar na lista dos contemplados. E eu aqui. Agora, diga-me, e quando tu foste na festa, com teus amigos, naquele sábado, lembras? Vais dizer-me agora que eu não havia trabalhado? Querido, faço eu horas extras neste mundo, mas nunca são suficientes. Esta maldita Tristeza que não me deixa terminar meu trabalho, sempre trancando a porta dos corações aflitos, justo na hora em que ia começar a festa. O salão vazio, a alma depenada, e eu cansada. Agora, digo-lhes que muito boa sou. Apareço quando chamares, mas chama-me, porque muito mais fácil é me encontrares do que te encontrar eu. Ver Felicidade nas coisas é tão simples quanto dormir e deixar que a Tranquilidade faça seu serviço em paz. Tento e tento, mas não é tão fácil como nos romances americanos. Creio que tenho uma certa afinidade com estúdios de gravação, e sempre que posso dou uma volta por lá. Mas até na ficção a Tristeza me persegue. E quando é ela que lhes segura a mão, então que me querem. Pois conto e conto o que sei, que é quando me ausento do compromisso que vós olhais o registro das horas trabalhadas, e então me vem o reconhecimento. Dizei ''Quão feliz era eu, ó dias nebulosos!'' Aos poucos, conforto vossos corações e acalmo tua boca, trêmula e fria de tanto ser sugada pelo Medo. Sou cores, sou flores, folias e sabores. Tudo que tenho é tudo o que sou, e parasito no ser humano criando então a festa que vive nas almas que me deixam trabalhar, e que pagam bem por isso. Por falar em pagamento, já vamos acertando tudo isso por aqui: pague-me em doses poucas e exageradas. Pague-me pulando, amando, abraçando e cantando, mas de coração limpo e pés no chão, cabeça nas alturas e sonhos leves, não necessariamente dentro de nuvenzinhas ou com cenários verdejantes, apenas bons. Bons o suficiente para que eu possa lhes concluir, afinal, modéstia a parte, Felicidade finaliza muito bem qualquer sonho.
A verdade é que estar aí o tempo todo não é como vocês pensam. Saibam, pois, que eu tenho orgulho de terminar meu trabalho com a melhor marca que eu poderia deixar, este sorriso no rosto, esse amor no coração, e a mente descansada, pois já se passou o tempo das lástimas. Vem que eu te levo até o arco-íris.

Sorria a cada dia, mas sorria por dentro, porque a felicidade, antes dos outros, tem que aparecer pra você.

2 comentários:

  1. Dona Elena, \o/
    Essa tal felicidade, fez casa no teu coração!?
    Adorei ou amadorei!(amei/adorei)Mega bom! =***

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  2. Leniiiinha que lindo esse post! Amei, amei!
    "Sou cores, sou flores, folias e sabores." bem você mesmo!

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