segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Verano.


Sol e cor, economia dos panos, excesso de H2O. Liberdade vem junto com os rastros do dia na pele. As asas da alma abrem-se sem pestanejar, quem diria que são as mesmas voadoras que outrora, cobertas pelos pesados couros, intimidadas estavam, sem forçar vôo, encolhidas pelo frio, recolhidas da neblina. Hoje, douram-se à luz que invade os quintais, antes frios e calmos, da vida de cada um. Traz, ó luz dos dias teus, a paixão aos amores adormecidos, a ardência aos corações insensíveis, a folia aos pés mornos. Sem grandes esforços, este tempo alaranjado conquista a tão sonhada festa, e aqueles pés, antes calados, agora gritam em harmonia com as mãos, regozijando-se nas danças dos dias ensolarados do verão. E estes sonhos! Lindos e claros são os teus caminhos, e tuas alternativas, tão quentes e sufocantes, cada vez mais atraentes, de uma fragrância inigualável, de uma febre invejável. É a tua falta de pudor, é todo essa saliência que te faz tão único, verão dos janeiros meus! Exuberante e majestoso, batendo à nossa porta com toda sua classe, o que se pode fazer se não render-se à tua tentação? Graça tenho eu ao ignorar os teus laços que me circundam de todo e qualquer modo. E a soltura vem a todos, vem logo e depressa, que os dias já não são curtos, e tem uma estrela me esperando lá fora. Chama grudada nos céus, lembro logo que a noite vem, e que teus dias febris cessar-se-ão ao chegar das noivas friorentas.
"A brisa é a rotina da carícia
A rotina da água é a delícia
A sensação é a rotina do calor
A rotina do corpo... é o frescor"



É no verão que pensamos na tal liberdade, mas é no inverno que se revelam todos os medos por baixo da luz.

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