Eu sempre me julguei muito
corajosa. Sempre busquei ser o tipo de pessoa que não precisa falar escondido
ou pelas costas. Que cutuca o ombro do inimigo e fala as verdades na cara. Que
toma fôlego pra chegar no cara que tá afim. Meus pensamentos se resumem em
tentar ser honesta comigo mesma. E então eu percebi que meu coração não me faz
corajosa quando estou apaixonada. Ele ata minhas mãos e sussurra que “Pelo amor
tudo vale a pena.”. Não é bem assim.
Não vale a pena tentar sozinha,
não vale a pena espalhar gentileza se não há retribuição. A prioridade não é o
outro, sou eu. Mas esse outro maldito é tão fofo e eu gosto tanto... Pois é. Mas
gosto muito menos de nunca sentir o mágico “Sou especial”, de ser o eterno
segundo plano e perder pra qualquer coisa que aparentemente dê um tipo de
retorno para outrem. Temos sim que ser humildes no amor, mas não precisamos ser
humilhados. Não precisamos ser a única parte romântica, a única parte
carinhosa, a única parte que se arrepende e pede desculpas.
Entendam que não penso que deva
ser uma questão de “dar para receber”. Mas qual amor que sobrevive sem ser
valorizado? Existe muito amor na insistência, mas paciência tem limite, e amor
próprio deveria ter também. Assim como não acredito que um deva ser o contrário
do outro. Sempre esperamos encontrar afinidades em alguém. Em relacionamentos
amorosos, afinidade não é só gostar das mesmas músicas e torcer pro mesmo time.
Afinidade não é só ser ouvido, é saber ouvir e principalmente se mostrar
interessado. É ser generoso. É ser observador e fazer alguma coisa com tanta
observação! É agradar, é surpreender, é medir as palavras. É reconhecer que
errou primeiro, ou que errou segundo, sei lá! Simplesmente entender que errar
pode não ser uma fraqueza, mas uma lição. É entender que caminhar junto é bom e
que amar não enfraquece ninguém em nada. Amar não é abandonar faculdade,
emprego, família, amigos, casa, carro ou mais mil coisas. Amar é ter e fazer todas
essas coisas e poder conversar com alguém sobre elas no fim do dia. Quando a
gente se apaixona, esquece que existe um mundo lá fora. Tudo vira confete
porque minutos antes estávamos trocando mimos com o amado ou a amada. Mas
existem pessoas que quando se apaixonam, ficam com medo. Amam menos porque
receiam “esquecer-se do resto”. Usam tanto o conta-gotas com o coração, que
esquecem as lágrimas que estão provocando nos corações alheios. Mas aí o
conta-gotas muda de mão e o amor vai morrendo desidratado. É preciso coragem
pra buscar água em outro poço. Coragem.
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