quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Maquinário.

Sempre elas para comparação. O parâmetro, a medida exata, o exemplo. Baseamos nossa espécie em exemplos que nós mesmos criamos. Diminuímos cada vez mais os sentimentos, as pequenas coisas da vida, o mundo real, para idolatrarmos o virtual, para valorizarmos a técnica, os números que nem podemos segurar na palma das mãos, que nem podem cantar conosco, ao menos abraçar-nos. Cada vez mais distantes de nós mesmos e de nossa capacidade de realizar. Preferem dar vida às coisas brutas, metal, números complexos, pessoas de ferro. Robôs, a prova de nossa própria reprovação. Uns até podem dizer que somos preguiçosos e só queremos regozijo na inércia. Possível verdade, porém há quem pense que, se tudo então fosse questão de um nada querer, porque tanta fixação, tanto trabalho sudoríparo, tanto tempo perdido frente à lataria? Questionamentos humanos, atos inexplicáveis, ininteligíveis. Essa  ambição descontrolada, cavando um buraco cada vez mais fundo. Cristal líquido impregnado em nossas córneas. Medo de abrirmos os olhos para a grandeza do mundo sem ter de fazê-lo. De fato, torna-se muito mais gratificante saber que fomos nós que criamos, mesmo sabendo que é irrelevante, que há coisas mais belas. Ego, ser maligno esconde-se dentro de cada um. É o demônio do mundo esta visão estreita e supérflua. Bom seria se todos soubessem viver como sabem executar. Ipsis litteris.

"Sempre o mesmo objetivo. Mais uma vez, criamos a destruição do nosso próprio caminho. Que fixação é essa por se ver em ruínas?"

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