Vi você de longe hoje. Você não me viu porque provavelmente
nem me conhece. Eu diria que com certeza você não me conhece. Mas não importa
muito, desde que eu ainda possa te admirar de longe.
É bem verdade que cada vez que você sorri eu gostaria de
morar dentro daquelas suas covinhas, porque pra mim é o lugar mais bonito do
seu corpo. Mas não recusaria a oportunidade de descobrir você por inteiro –
descobrir seu peito nu e chegar perto da batida do seu coração, que
provavelmente bate no ritmo da sua voz quando canta, que eu ouço com textura de
veludo.
Eu fico olhando pro teu rosto e descubro que ele é a minha
fotografia favorita no mundo. Tua beleza é a poesia que eu não canso de ler,
daquelas que dá vontade de tatuar pelo corpo inteiro – tua paz nos movimentos
dos braços e teu jeito de se acomodar na cadeira são minha dança preferida.
Ficaria horas parada apenas te vendo caminhar, sentar, levantar, ajeitar o
cabelo – esse teu cabelo! Talvez seja uma versão masculina heroica da Medusa.
Não sei explicar de um jeito melhor a hipnose que tu me causas.
Se eu tivesse te conhecido com 13 anos, já teria escrito uma
música pra você na última folha do meu caderno. Já teria entrado em comunidades
do Orkut pensando em você. Teria passado noites imaginando como seriam nossas
primeiras conversas. Teria começado a ouvir uma banda que você gosta muito. Mas
eu te conheci agora. Ainda assim, eu olho pra você e imagino nós dois entrando
numa loja de decoração e comprando almofadas pra enfeitar nosso sofá. Imagino
nós dois terminando um filme e discutindo mil teorias sobre ele. Imagino nós
dois cantando juntos e um pro outro, com a sede do amor no olhar. Imagino nós
dois, apenas.
Talvez eu passe a vida só imaginando. Talvez não. Mas me
basta a paz de saber que existe uma beleza tão pura e tão rara no mundo como a
tua. Basta a certeza de que tu estás presente em algum lugar. Basta a mim a
calmaria de saber que posso te ver de longe hoje, amanhã e depois. Basta a mim
te ver.
Da tua admiradora secreta.