Baseado em uma história real.
Tenho o dom de estragar tudo. De
ser ruim, grossa, inoportuna, inadequada, inabitável. Nunca dou uma dentro e
acabou. É assim mesmo e preciso entender: as pessoas são mais felizes longe de
mim. Preciso protegê-las do grande monstro que tenho aqui dentro. Preciso
afastá-los antes que eles se aproximem demais.
Como sempre, errei outra vez. Erro
e caio e julgo e grito... E me arrependo e não me arrependo ao mesmo tempo, e
isso magoa tanto! E sei que dilacera mais ainda quem eu não deveria magoar. Os
irmãos de alma, os amores puros. Mas no caminho vou perdendo tudo, toda a graça
e todas as piadas e fico levando apenas o peso da minha tristeza bruta e de
todo o esquecimento ao qual o mundo me entregou. Perco minhas arestas, perco
meus amigos e perco mais e mais ainda a minha parte feliz. Reclamo, clamo e
re-clamo pelo que me anima e me faz bem, mas eles não aguentam mais. Aquele que
eu queria tanto como irmão... Não passa de um tio distante. E a debutante é uma
conhecida que cruza por mim nos ensaios das peças, as minhas amadas peças.
Agora a vergonha apoderou-se das
frases, das brincadeiras e das músicas. Nunca mais os mesmos e nunca mais nada.
Os laços se romperam e eu tenho vergonha de reatá-los, porque talvez nunca
devesse ter enlaçado nada. Quem sabe eu seja isso, essa meia-irmã que não cabe
em uma família tão simpática. A separação sem despedida mais triste que já vi.
Eu me identifiquei com metade do seu texto... E na outra metade, me emocionei...
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