quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sobre as cobranças e os pagamentos.

Não é que seja o melhor dia, mas afinal, que dia é este o de pagar as contas? Felizmente, não há data prévia, porque senão seria esse dia motivo de rebeliões e pedidos extremos de feriado. Se bem que é exatamente esse o rumo dos últimos tempos... A época de adiar o inadiável, e de cerrar os olhos para o que já está inundando por dentro. Quanta hipocrisia quando o assunto são as nossas dívidas! E quantas dívidas!
Quantas feridas mal cicatrizadas, quanto tempo mal gasto, quantos momentos felizes inacabados, quantos momentos infelizes hipotecados! O seguro de vida não assegura nada, porque a maior proteção não é a financeira. Não, não mesmo! A proteção real está tão densamente incrustada em nosso íntimo, que a ela nem chegamos a ver. Ela é uma cápsula tão natural, que às vezes nem executa a função básica de proteger, porque já acostumou a simplesmente existir.
Mas que as cobranças vem, disso tenho certeza. Para mim, pelo menos, sempre vieram. Por vezes chegaram acompanhadas de juros que não largavam de seu couro, consequentemente do meu igualmente não o fizeram. Mas eu também, por ignorar o que teria de ser pago algum dia, acabei pagando preços muito mais altos, e a dor pesou muito mais. A vida não tem cartão de crédito, e a fatura é imediata. Sentimos o tamanho das contas no momento em que as criamos, fato inevitável e intransferível.
Ah, havia esquecido de falar das contemplações. Hoje pago adiantado o preço pelo que ainda serei, ou espero que seja. O nervosismo e o suor nas mãos foram e estão sendo antecipados, porque é necessário que seja assim no quesito planos. Sorteios não me caem bem, devo dizer, mas os bingos da vida não são feitos de acaso. Lealdade ao próprio objetivo é uma lição que aprendi com muitos e sozinha. Esta vida parece tão traiçoeira, mas só quem pode dizê-lo é quem está vivo, e isso já é motivo de sobra para não reclamar. 
Afinal, a grande negociante dessas contas não é a própria existência? Ela é quem lucra com nossas loucuras e nossos desesperos. Nada de déficits, no dicionário da Grandiosa só existem sinônimos de superávits, e como diz o grandioso ditado: "Manda quem pode, obedece quem tem juízo.". Agora, a grande herança está mesmo é na morte. Deixar tudo para trás, esquecer e não precisar voltar é pagamento que raros fazem de boa vontade, assim como é a dívida que muitos deixam para segundos e terceiros pagarem. A posição de pessoa física é tão torturante quanto a ansiedade da última conta a ser paga.

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